segunda-feira, 28 de junho de 2010

Canarinhos em frente

Dois golos em cinco minutos colocaram o Brasil nos quartos-de-final do Mundial. Agora segue-se a Holanda... e Dunga só pode sorrir. A selecção laranja costuma ser bom prenúncio para o treinador brasileiro: das duas vezes que a encontrou, só parou na final. Nos Estados Unidos foi campeão, em França morreu na praia.
Nem sempre ganhou, e esse pode ser um estímulo para o adversário. Em 94 Romário, Bebeto e Branco, este último com um livre que ele próprio chamou de «o golo do cala-a-boca», desfizeram a defesa liderada por Valckx, em 98 porém as duas selecções não saíram do empate, tendo a sorte sorrido ao Brasil nos penalties.
Ora o histórico de confrontos fica completo com uma vitória holandesa no Mundial 74: a selecção do futebol total venceu com golos de Cruijff e Neeskens. O que deixa as contas no zero. Uma vitória, um empate e uma derrota para cada. Posto isto, quem vai querer perder o tira-teimas de sorriso no canto da boca para Dunga?
Ramires sim, no melhor Brasil do Mundial
A vitória sobre o Chile trouxe para este Mundial o melhor Brasil até agora. Com Ramires no onze, a selecção de Dunga não foi encantadora, mas criou espaços e soube aproveitá-los. Perante um adversário que fez tremer a Espanha, o Brasil não chegou a ficar nervoso. O que também pode ser um bom sinal para Portugal.
Certo, para já, é que grande parte da vitória passou pela entrada de Ramires no onze. Com o benfiquista em campo, a selecção canarinha mantém a agressividade a defender, mas ganha muito mais profundidade ofensiva. A cavalgada finalizada na assistência para o golo de Robinho seria impossível com Felipe Melo.
Nessa altura, convém lembrá-lo, o Brasil já ganhava por 2-0 e o Chile já era incapaz de manter a consistência de outros jogos. A equipa de Bielsa, aliás, nunca se aproximou das boas exibições anteriores. É verdade que lhe faltaram os três titulares do eixo defensivo, todos castigados, mas não chega para justificar tudo.
O Chile teve a agressividade de sempre, é certo que sim, aquela agressividade que faz dele uma selecção perigosa, mas faltou-lhe intensidade. O melhor Brasil correspondeu ao pior Chile e esse foi um pormenor que também fez a diferença. Durante toda a primeira parte, por exemplo, o Chile não criou uma ocasião de golo.
Ramires não, falha o jogo com a Holanda
O Brasil tinha inaugurado o marcador numa bola parada muito mal defendida pelo Chile e ampliou a vantagem num contra-ataque perfeito, que teve pelo meio um toque artístico de Kaká na assistência. Antes disso tinha encontrado dificuldades para criar perigo, é verdade que sim, mas depois foi claramente melhor.
Não foi avassalador, mas este Brasil não é nunca avassalador. É um Brasil europeizado, à imagem de Dunga: conservador, metódico e equilibrado. Venceu bem e saiu do Ellis Park moralizado para o futuro. Apenas leva um lamento: Ramires viu o segundo amarelo e falha a Holanda. Logo agora que teria ganho o lugar.

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